domingo, 6 de julho de 2008

Poeminha, Põe minha

Ói eu!
Engraçado como praticamente todos os sergipanos se cumprimentam assim, né??
Encontra o outro no shopping, na universidade, no churrasquinho da esquina e logo manda um "ÓI ELE". Já não sei se o cabra fala isso pra ele mesmo, ou pro outro. Porque se eu to vendo o camarada vindo, eu digo "ÓI ELE" talvez pra reforçar a idéia de que "ele", seja lá quem "ele" for, tá ali.

E são muitas as expressões que usamos, sem nos dar conta dos significados.
Mas não quero falar dos significados das expressões aqui. VOu colocar um poema que fiz pensando justamente nas expressões usadas por nosso maravilhoso POVO SERGIPANO. :)

Êta guri (Everton Pessan)

Vi um dia um gurizinho bem arteiro
BUlinava em casa as coisas o dia inteiro
Não parava quieto: pulava e fazia estripulia
E se reclamavam, logo ele virava Maria
Maria escombona.

Êta guri malino!

Queria voar igual a uma muriçoca
Daquelas que quando mordem logo se coça
Visitava o pai no trabalho, fazendo enxame
E logo voltava pra casa, pra comer inhame

Êta guri esfomeado!

Na rua, só andava de bicicleta
Desenhava no chão uma ou outra seta
Vinha veloz e dava uma rabiada
E às vezes saia com uma perna machucada

Êta guri arteiro!

A mãe da cozinha gritava:
"Avia menino, vai já tomar banho"
E ele do quarto chorava:
"Quero não mainha, tô com uma pereba desse tamanho"

Êta guri coisado!

Mainha olhava a ferida, já com cara de sabida:
Trazia uma boa pomada, que deixava a perna ardida
"Chore não meu fio, quem mandou ser maluvido?"
"Tome logo o seu banho, e lembre de lavar o imbigo"

Êta guri lodento!

Uma ruma de vizinho já conhecia o tal guri
Um fuxico todo dia, só se ouvia o ti-ti-ti
E ele, pra não se deixar esculhambar
Assustava os gatos daquele povo, que só sabia cabuetar

Êta guri tucudo!

Futucando um dia no baú do velho avô
Encontrou um estilingue, imaginem o que aprontou
Saiu matando calango, acho que todos do mundo
Até que um o mordeu o pé, ele gritou: "ô fio do cabrunco"

Êta guri bocudo!

Era um guri feliz, futucando a esperança
De quem acha que um dia esqueceu de ser criança
Não seja paia, tire seu sapato
E sacuda a tristeza toda no mato

Êta guri felizardo!

Até a próxima \o

Um comentário:

Nelma disse...

O que mais gosto...