quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Quem conta um conto...

Oie!

Vai agora um texto meu que participou da I Olimpíada Ambiental.
Esse texto foi premiado com uma Menção Honrosa emitida pelo Governo Estado de Sergipe.

Espero que gostem!


O dia em que Balde ficou sem água

Balde era uma cidade como outra qualquer. Tinha fábricas, um comércio bem desenvolvido, casas residenciais, um centro urbano e alguns bairros periféricos. Tudo ia bem naquela cidade até o fatídico dia em que, por acidente, um caminhão tombara na estrada espalhando um gás que infestara todo o rio que abastecia Balde. A prefeitura mandou avisar toda a cidade que, por motivos de segurança, os moradores fizessem reservatórios de água até que se resolvesse a situação do rio.
Os habitantes fizeram os reservatórios particulares de água, economizaram no uso dela e esperaram o problema ser resolvido. O prefeito tomou partido da situação e tentou resolvê-la de todas as maneiras. Mas quanto mais procurava uma solução, mais achava problemas. O rio agora secara por inteiro e toda a fauna e flora ao redor dele estava morrendo. Para piorar a situação, o acesso à cidade vizinha estava bloqueado, pois o caminhão caído continuava a liberar o gás venenoso que causara toda aquela confusão.
A água começava a faltar em Balde e os moradores, não achando mais soluções, foram pedir ao prefeito para tomar alguma medida para resolver aquilo. As famílias que fizeram um reservatório pequeno já não tinham mais água nem para beber. As empresas fornecedoras de água já estavam com seu estoque quase zerado. Aquela cidade que tivera água em abundância agora tinha que se acostumar à escassez dela.
Logo, a porta da prefeitura estava cheia de cidadãos revoltados com o que estava acontecendo em Balde. O prefeito já pedira ajuda ao governo nacional, mas até os serviços de tele-comunicação estavam falhando agora. Ele só podia rezar para que algum milagre acontecesse.
Mas o que aconteceu foi que algumas pessoas começaram a morrer desidratadas. Os médicos da cidade já não podiam fazer nada, porque agora todos os reservatórios já estavam perto do seu fim. A cidade estava condenada, pois ninguém podia entrar ou sair dela. A polícia e o corpo de bombeiros tentava tirar o caminhão da estrada. Mas alguns deles também morriam quando chegavam muito perto do gás venenoso.
Os religiosos entupiam as igrejas da cidade em mutirão para rezar para que tudo aquilo acabasse. Um grupo de moradores revoltados invadiu a prefeitura e atacou o prefeito, afoitos para que ele achasse uma solução para aquele inferno em que eles estavam vivendo. O prefeito nada disse e se atirou pela janela da prefeitura, caindo para a morte.
Sem um prefeito, a cidade virara um caos. Elegeram então o líder da revolução para pôr ordem no caos que tomara a cidade. As mortes agora eram notícias diárias. A cidade estava completamente amaldiçoada e as tentativas de se tirar o caminhão eram em vão. Tanto de um lado da cidade quanto do outro.
Balde agora era notícia mundial. Uma cidade amaldiçoada sem escapatória. Muitos rezavam, poucos realmente tentavam ajudar, pois não queriam contrair a doença que o gás venenoso espalhava por lá. A cidade estava doente: sem água e contagiada com a doença do gás.
Pouco a pouco a cidade morria, sem esperança. As fábricas desmoronaram, o comércio faliu, os animais morreram, as plantas sucumbiram, os líderes caíram e as pessoas morreram, pouco a pouco, com a falta de água e com a falta de esperança.
Antes de se ouvir o último suspiro da última pessoa viva, esta se lembrou de como a cidade prosperara e de como todos eram felizes antes daquilo tudo acontecer. Perguntou-se o porquê daquilo, mas não obteve resposta. Uma vingança, talvez, pela arrogância que sempre dominou aqueles que tinham o poder? Uma rebelião da natureza para abrir os olhos da humanidade que a maltrata? Uma forma de fazê-los pagarem os pecados desde que o mundo é dominado pelos humanos? Mas por que eles? Por que tiveram de pagar esse preço? Antes que pudesse obter a resposta, suspirou, enfim; e se encontrou envolto em pensamentos longínquos e diante das únicas evidências de algo líquido por ali: suas próprias lágrimas.
Balde tombara.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Eternamente é ter na mente éter na mente

Olá!

Sabe quando o pensamento parece não se completar e falta aquela coisinha, aquele detalhezinho pra formar o que se pretende?
A associação de uma imagem, um cheiro, uma sensação às vezes nos parece fazer viajar no tempo e nos colocar naquele lugar ounde aquela imagem/cheiro/sensação nos fez únicos, imutáveis, perfeitos. Coisas de nosso consciente/inconsciente/subconsciente que, se explicados, perdem a magia da coisa.
Quero é sentir; o saber vem sem eu pedir.

Quebra-cabeça (Everton Pessan)

Eternamente
Entram na mente
Peças completando
Tudo, e de repente
Quando nada se encaixa
E quando tudo se solta
Peças que se completam
Entram na mente
Eternamente


P.S.: Tente ler também de baixo para cima :)

domingo, 17 de agosto de 2008

Tirinha #4

Continuando com as Tirinhas :)
Mais uma criação minha e de Sean \o

domingo, 10 de agosto de 2008

Tirinha #3

Outra tirinha feita por mim e Sean :D

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Primeiro capítulo do meu livro.
(que um dia vou acabar, prometo)

Capítulo 1
As reuniões noturnas

Cabelinho era um menino igual a todos daquele povoado, se não fosse pela característica que o levara a ter aquele apelido: um cabelo enroladinho. Mas ele não gostava de ser diferente. Deixava o cabelo crescer apenas por manha, e quando a mãe pedia para cortá-lo, Cabelinho logo escapulia de casa e só voltava quando a mãe estava entretida assistindo a novela da noite.
Fora isso, ele era um garoto como os outros. Ia à escola, à tarde jogava bola de gude na praça e à noite se reunia com os amigos para jogar conversa fora.
Eram nessas reuniões que Cabelinho contava aos seus amigos as histórias que seu avô contava em casa. Histórias essas que deixavam o cabelo de qualquer um de pé. Principalmente o dele.
Nessa noite, ele estava acabando de contar mais uma de suas histórias.
—... aí de repente ele sumiu do nada. Doidice, meu fio. Mas meu avô disse que viu o bicho fugindo.
— É... minha tia viu esse bicho rodando o quintal dela uma noite aí — disse o primo de Cabelinho, João.
— Pior é que ninguém viu esse bicho direito ainda. — disse Márcio, amigo de Cabelinho.
— Oxe, eu é que não quero ver mesmo. — Falou Mara, outra amiga de Cabelinho.
— Sabe, outro dia meu avô botou comida pros cachorros, mas no outro dia a comida tinha acabado e os cachorros tinham apanhado. Mas meu avô ficou sem entender o que aconteceu.
A cabeça de todos na roda agora funcionava a mil, imaginando o que acontecera com os cachorros do avô de Cabelinho e o que era esse bicho, afinal de contas.
Era tarde da noite e algumas mães já colocavam a cabeça do lado de fora da janela e gritavam pelos nomes dos seus filhos. Uma a uma, cada criança voltou pra sua casa até que restaram apenas Cabelinho, Márcio e Mara.
— Eu já vou indo também, minha mãe já deve ta me procurando essa hora — falou Mara —, amanhã você conta pra gente o resto da história. Se bem que eu acho que eu não quero ouvir.
— Deixa de ser medrosa Mara, esse bicho, ou seja lá o que for, não existe, deve ser invenção do Cabelinho. — falou Márcio, com cara de quem não liga muito.
— Você ta chamando meu avô de mentiroso, é? — disse Cabelinho enfurecido.
— Ok, rapazes, não briguem. — disse Mara separando os dois amigos — Cabelinho, eu acredito em você e no seu avô e morro de medo dessas histórias. Márcio só tem que passar por uma experiência de medo para saber que isso tudo é verdade. Não é Márcio? — disse ela olhando para Márcio pelo canto dos olhos.
— É. Tá. Desculpe Cabelinho. Mas fica difícil de acreditar em algo que eu não vi. Só ouço histórias.
— Eu sei que é difícil de acreditar. Mas eu sei que existe. Tem que existir.
Cabelinho disse isso olhando a lua, enquanto os amigos se afastavam. Ele acreditava nas histórias do avô, mas gostaria ele mesmo de ver o tal bicho e poder contar para os amigos suas experiências próprias.
Enquanto pensava nessas coisas, foi caminhando pelo mato, beirando a plantação de mandioca do avô, com um galho na mão, fazendo balançar as folhas das mandioqueiras. Ele simplesmente não sabia que alguns de seus desejos se tornariam realidade naqueles dias que viriam.
E tudo começaria quando ele passasse por aqueles olhos vermelhos que o espreitavam por trás da última mandioqueira.